Precisamos trabalhar de maneira intersetorial e sistêmica para tornar a população mais ativa fisicamente e saudável do ponto de vista da saúde mental
São diversos os estudos e evidências que apontam para uma forte associação entre saúde mental e a realização de práticas esportivas e de atividades físicas. Os benefícios são os mais variados para as mais diferentes faixas etárias. Entre as crianças, a prática de atividades físicas contribui no desenvolvimento das habilidades socioemocionais. Nos adolescentes, a prática de exercícios físicos pode contribuir para a autoestima e sensação de pertencimento. Na população adulta, o esporte pode ajudar na redução de sintomas de depressão e ansiedade, além de melhorar o humor e a sensação de bem-estar. Já entre a população mais idosa, a atividade física se mostrou ferramenta efetiva para auxiliar no declínio cognitivo. Em outras palavras, os benefícios do esporte e atividade física para a saúde mental podem acompanhar um ciclo de vida inteiro, permitindo que essa pessoa esteja mais próxima de um desenvolvimento pleno em todas as esferas de sua vida.
Entretanto, apesar dos evidentes benefícios da atividade física, ainda estamos distantes de uma sociedade que seja ativa nesse sentido. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país mais sedentário da América Latina e ocupa a quinta posição no ranking mundial. Outro dado que chama atenção negativamente é de que 84% dos jovens brasileiros entre 11 e 17 anos não praticam os níveis recomendados de atividade física.
Esse cenário tem um custo para a saúde mental das brasileiras e dos brasileiros. Dados da primeira edição do Panorama da Saúde Mental, realizado pelo Instituto Cactus em parceria com a Atlas Intel, demonstram que pessoas que praticam esportes três ou mais vezes por semana apresentam indicadores mais elevados de saúde mental quando comparadas às pessoas que não fazem atividade física. A diferença do Índice Contínuo de Monitoramento da Saúde Mental entre esses dois grupos é de 142 pontos – 722 para o primeiro grupo e 580 para o segundo – uma diferença de cerca de 22%.
Todos esses dados mostram que temos uma oportunidade de promover uma sociedade mais saudável do ponto de vista da saúde mental tornando as pessoas mais ativas fisicamente. Uma das principais maneiras para se avançar nesse sentido se faz por meio de políticas estruturantes e efetivas de promoção de esportes para todas as pessoas, de todas as idades, independente de suas trajetórias de vida. Alguns países já começaram esse movimento, como o “Get Active” do Reino Unido, o “Get Ireland Active” na Irlanda e também o “Australia’s Sport 2030” na Austrália. A própria OMS vem incentivando e monitorando a adoção de políticas de esporte em massa por meio das ações do Plano de ação global sobre atividade física.
Share this content: