Conheça o Porto Digital de Recife, um dos principais parques de tecnologia e inovação do Brasil

Conheça o Porto Digital de Recife, um dos principais parques de tecnologia e inovação do Brasil

Com a proposta de ser um “projeto de cidade” voltado à geração de renda e restauração do Centro Histórico de Recife, surgiu em 2000 o Porto Digital, um parque urbano de tecnologia e inovação e que hoje se coloca como um dos principais do Brasil e da América Latina. Em uma área de 1,71 quilômetro quadrado na capital pernambucana, se instalou inicialmente no Bairro do Recife e, em 2012, expandiu para os bairros de Santo Antônio, São José e Santo Amaro. O espaço reúne 415 empresas, que ocupam dezenas de prédios reconstruídos, e mais de 18 mil pessoas trabalhando no local.

Pierre Lucena, presidente do Porto Digital, contou a Época NEGÓCIOS que a área territorial tem uma política fiscal diferenciada para atrair empresas focadas em soluções de tecnologia e software, graças à “Lei do Porto Digital”, criada na época da fundação, em conjunto com a prefeitura. A ideia do ecossistema surgiu ainda na década de 1990, pois buscavam encontrar um lugar para os jovens que se formavam na universidade federal trabalhar. Ao mesmo tempo, o governo tinha planos de restaurar o centro, área que estava degradada e enfraquecida economicamente, mas que apresentava enorme potencial.

“Nos classificamos como uma espécie de movimento de cultura digital, pois abrigamos um distrito de inovação e um projeto diferente, em torno da tecnologia. É um propósito nosso, de transformar a cidade”, disse Lucena. O parque é uma ação coordenada entre governo, academia e empresas.

Para Lucena, o “capital humano” é o recurso mais importante. No contexto brasileiro, Recife se apresenta como o município com maior quantidade de PHDs (700 em ciências da computação) e estudantes per capita de TI, além de um ecossistema universitário vibrante.

Um dos projetos de destaque se chama “Embarque Digital”, que usa recursos da prefeitura para disponibilizar 600 novas bolsas de graduação por ano para alunos de escola pública. “Se formarmos anualmente este número, isso significa que, daqui a 10 anos, veremos a periferia do Recife trabalhando nesta área. É uma transformação social”, disse.

Outros projetos são o REC’n’Play, festival de conhecimento do Nordeste que promove palestras, workshops, hackathons e shows; o Programa MINAs, voltado a fortalecer a presença de mulheres nas áreas tech; e o Porto Mídia, braço de Economia Criativa, que conta com laboratórios de criação e incubadoras.

Empresas no local

Entre as empresas de destaque dentro do ecossistema estão a Tempest (empresa de cibersegurança), Samsung, Neurotec (principal investida da Embraer), Stellantis (líder em soluções de mobilidade), além de institutos de ciência e tecnologia como Cesar, SiDi (da Samsung) e seis incubadoras e aceleradoras de startups. Todos os negócios atuam voltados à produção de softwares e serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação, economia criativa e internet das coisas (IoT). Juntas, faturam mais de R$ 5 bilhões ao ano.

“Não produzimos nada físico, é só software. Qualquer smartphone do Brasil tem nossa tecnologia, seja Apple, Motorola ou Samsung — algo foi feito aqui”, destacou Lucena.

Expansão

Pensando em mobilizar mais pessoas em torno da tecnologia, o parque está em expansão para além do Recife: em 2015, com o desenvolvimento da unidade Armazém da Criatividade, em Caruaru, no interior de Pernambuco, e mais recentemente com dois projetos de cursos de graduação: um na Universidade Católica de Brasília (DF), e outro na Universidade Tiradentes (UNIT), em Aracaju (SE).

Há também escritórios em São Paulo para os negócios que fazem parte da comunidade e um plano de internacionalização, com um espaço em Portugal, na cidade de Aveiro, com previsão de inaugurar em dois meses.

O que é: ecossistema de inovação
Fundação: 2000
Endereço: Cais do Apolo, nº 222, Bairro do Recife, 50030-230, Recife (PE)
Número empresas: 415

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